O RETRATO DA CÂMARA QUE NÃO SE ENCAIXA NA MOLDURA
Legislar e fiscalizar são funções básicas que devem ser exercidas por aqueles que foram eleitos para representar os interesses da população, mas e quando o requisito é mal atendido, quem de fato não é correspondido?
Larissa Araújo
8/11/20252 min read


Uma câmara de vereadores, por exemplo, representa o poder legislativo municipal, com obrigatoriedade de criar leis e projetos para a cidade e fiscalizar as ações do poder executivo, representando para além das demandas prioritárias da coletividade. Isso, na prática, significa que os vereadores precisam ter o mínimo de conhecimento técnico para atuarem conforme ao que é proposto, mas quem os elegem tem essa consciência política?
Eleger alguém que possa ser a voz do povo, para defender o bem comum, não é tarefa fácil, geralmente confundidos como os "prefeitos de bairro", aqueles que assumem o perfil assistencialista e promovem pequenas ações de intermédio no serviço público, são facilmente reconhecidos pela sua prestatividade, consequente de um sistema que não funciona adequadamente e torna a população dependente de favores que na verdade são direitos garantidos por lei!
Esse jeito de se fazer "política", que se inicia nas pontas, através de lideranças de bairros, com grande poder de influência na comunidade e também os presidentes de bairros que atuam com pedidos de providência para a prefeitura, são utilizados como cabos eleitorais, e o resultado na maioria das vezes não é satisfatório.
Cria-se os redutos eleitorais e por força da representatividade se elegem, mas não se assumem na capacidade e compromisso do que é previsto e exigido ao sentarem numa cadeira eletiva.
A falta de uma formação acadêmica, mais técnica, pode até não ser considerada, mas que a falta de conhecimento se torna uma grande lacuna que não preenche os espaços vazios de uma atuação mais legítima, isso é fato!
O poder emana do povo, mas para permanecer nele é preciso ter domínio das massas, e para quem não sabe, não entende e pior, não tem interesse em fazer melhor, o jeito mais fácil, é manipular os interesses de quem mais precisa em benefício próprio ou de grupos privilegiados.
Mandatos vendidos, rifados e comprometidos em acordos que não favorecem a população, apertos de mãos, agradecimentos, vídeos, fotos e muita edição, mas a realidade continua perversa e humilhante, problemáticas sem soluções!
Discursos vazios, sorrisos falsos, interesses contrários, conchavos, e pouca atuação mediante ao que de fato importa, silenciam diante do grito de socorro de quem clama por um sistema de saúde descente, se fazem de cegos diante de um sistema educacional extremamente precária, se tornam alheios aquilo que piora com o passar do tempo.
Mas vejam! Luzes, flashes, filtros e encenação... A fotografia não pode faltar, demonstração de prestígio e "articulação política", tudo uma estratégia para esconder o que na moldura não caberia, os detalhes passam despercebidos, os discursos falam mais alto, a propaganda é a alma do negócio, fazem publicidade com migalhas que não sustentam o povo em suas necessidades, é pouco o que oferecem, é muito o que falta!
Se não escolherem melhor na urna, se não forem mais criteriosos, mais exigentes, viverão pra sempre presos numa bolha, mendigando o mínimo do direito, sendo gratos pelo básico de obrigatoriedade do governo, e sendo usados por aqueles que fingem acolher quando na verdade estão aprisionando a sua dignidade humana pelo avido desejo de perpetuar no poder, não para servir, apenas para se satisfazer!
O retrato colorido, de uma realidade preto e branco.