Depois do arrasta-pé de São João, o que se espera de uma boa gestão?
Acabou o milho, acabou a pipoca, depois dos festejos juninos, é a realidade que sempre incomoda... Porque dançar forró é muito fácil, difícil é manter as contas públicas no mesmo compasso!
Por Larissa Araújo
6/30/20252 min read


Teve fogueira, milho, canjica, amendoim e quentão, teve sertanejo, pagode, arrocha, até influencer's, mas pouca tradição... Os festejos Juninos no nordeste movimentou os cofres públicos e também uma multidão! O palco não era somente de atrações artísticas, mas também de figuras políticas, subiu ao palco cantores e também enganadores, é a festa do povo de agora, imitando a Roma antiga, viva a cultura pão e circo!
É importante não deixar morrer as raízes que nos sustentam culturalmente, e o São João do nordeste é o exemplar de como a cultura de um povo precisa continuar sendo manifestada através do seu próprio povo, é a roupa caipira que se torna protagonista no mercado da moda, é a comida típica que dá sabor personalizado a gastronomia, são as músicas que embalam amores e paixões, despertando a memória afetiva desde a infância, e falando em criança, tem o rei e a rainha do milho, representando com beleza o trabalho daqueles que sobrevivem da agricultura familiar... É a cultura de um povo que não cansa de lutar!
Dá um giro na economia local, mas não o suficiente pra mudar a realidade central, moedinhas nos bolsos dos vendedores ambulantes e microempreendedores, mas os cifrões maiores é nos bolsos dos grandes amigos empresários. Todo esse movimento econômico é sazonal e transitório, a economia permanente, mesmo que todos ainda não saibam, se faz com políticas públicas efetivas e não com grades artísticas que atraem e distraem o povo enquanto as necessidades continuam crescentes!
Mas que ironia, que analogia!
Cidades com péssimos índices de desenvolvimento, promovem grandes eventos, milhões em alguns dias de festas, migalhas em todos os outros que restam...
São parcerias, apoios e negociatas, ministério da cultura, secretária de turismo, e tantos outros órgãos e justificativas para utilizar a verba pública e fazer a "festa", literalmente!
"Pão e circo" é uma expressão da Roma antiga que representava uma tática do governo bem sucedida, de distrair o povo com festa, comida e bebida, para evitar, intimidar ou sufocar as reivindicações, protestos e reclamações, escondendo as problemáticas sociais, disfarçando as falcatruas surreais... A consciência é a maior arma contra o sistema, um povo consciente não se engana, não confunde e não se humilha diante dos esquemas!
Agora que já pularam a fogueira, vão continuar pulando as buraqueiras de uma cidade festeira mas que não consegue ter estrutura pra corrigir os problemas... Depois da bebedeira, a ressaca de segunda-feira, postos sem medicamentos, sem atendimento, filas na regulação para consultas e exames de especialidades comuns, aguardando há mais de seis, oito, dez meses... Enquanto a doença não mata o sistema público empurra na vala!
Escolas fechadas, outras sem merenda e sem água, é desumano o que chamam de avanço, é tudo uma fachada, para cobrir com mentiras aquilo que a câmara não escancara.
Se o povo tem voz e vez, lamento informar, erraram outra vez! A câmara é omissa e de novo é a mesma política...
O potencial financeiro para promover uma grande festa, não funciona quando se trata daquilo que o povo realmente espera, saúde, educação e segurança de qualidade, mal acabou um festejo e já foi anunciado outra folia na cidade!
E tudo o que se vê, não é sobre política de verdade, é sobre ignorar a realidade e fazer de palhaços a platéia que os aplaude!