Cidade Atraente Não Se Faz com Gambiarra
Vamos falar de investimento? Aquele sonho molhado de todo gestor municipal que acorda com a ideia de transformar sua cidade em um polo econômico... mas esquece de limpar a calçada.
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
Lisdeili Nobre
3/26/20252 min read


Vamos falar de investimento? Aquele sonho molhado de todo gestor municipal que acorda com a ideia de transformar sua cidade em um polo econômico... mas esquece de limpar a calçada.
Antes de chamar a comitiva dos investidores, prefeito, bora fazer um check-list básico. Não é por nada não, mas atrair investimento começa com o bê-á-bá da boa convivência: infraestrutura. E não adianta maquiar não, viu? Buraco coberto com cascalho é tipo maquiagem sem primer — derrete no primeiro calor.
Investidor quer estrada decente, transporte público que funcione (ônibus, não charrete com Wi-Fi), saneamento básico (água tratada, viu?) e internet de alta velocidade. Porque ninguém vai montar indústria em lugar onde nem o 4G pega. Ou você acha que o empresário vai levar o asfalto no porta-malas pra instalar a fábrica?
E não me venha com essa de equilibrar as contas aumentando imposto municipal. Ô prefeito, chame um bom tributarista, meu filho. Tá tampando um santo e destampando outro! Imposto alto espanta investimento mais rápido do que alma penada em cemitério iluminado.
Tem cidade por aí com quatro universidades (isso mesmo, quatro), e os jovens formados vão embora porque... adivinha? Não tem emprego! A tal da fuga de cérebros, que no fundo é só um jeito educado de dizer “a cidade não oferece futuro, então vou embora com minha inteligência toda”.
Cadê os programas de mão de obra alinhados com as universidades? Cadê o incentivo à pesquisa, às startups, às incubadoras? E os centros de inovação, prefeito, onde foram parar? Esqueceram no plano de governo?
Ah, e uma coisa que parece besteira, mas faz diferença: limpeza urbana e arborização. Investidor adora um verde! A cidade cheia de mato e esgoto a céu aberto só atrai urubu e baronesa de mangue. Vamos combinar: cuidar da casa é o básico antes de chamar visita.
E habitação, hein? Porque não adianta trazer fábrica, call center, hub de inovação, se o povo não tem onde morar. Políticas habitacionais também fazem parte desse check-list.
Marketing, prefeito, marketing! O senhor tá organizando feiras de negócios? Tem vídeo bilíngue com dados estatísticos bonitinhos pra apresentar? Não vale esconder os que ainda estão feios, mas é bom trabalhar pra melhorá-los, porque investidor pesquisa, compara e julga — mais que sogra em almoço de domingo.
Saúde e educação? Claro que entram na conta. Sem escola boa e hospital decente, ninguém segura mão de obra, nem atrai empresa séria. E já que estamos em 2025, como é que uma cidade com quatro universidades não tem centro de pesquisa? Que tipo de pacto foi esse, hein?
Cidades inteligentes, meu querido prefeito, já são realidade. E eu conheço bem esse assunto! É hora de botar sensores na rua e também na consciência. Porque sem planejamento, parceria e participação, não há tecnologia que salve.
Ah, e pra fechar: ninguém atrai investimento sozinho. Tem que ter um punhado de parças no governo federal, estadual, nas prefeituras vizinhas, no setor produtivo. Tem que ter fórum permanente com empresários. Tem que conversar, escutar, e parar de fazer tudo em cima da hora.
Porque quem não se prepara, tropeça no tapete antes mesmo da visita chegar.
Sobre a autora: Lisdeili Nobre é doutoranda em Políticas Sociais e Cidadania, mestre em Gestão Pública. Professora de Direito, Delegada de Polícia Civil e CEO da Afirmativa Consultoria, atua em planejamento estratégico para cidades inteligentes e desenvolvimento de políticas públicas.