As Inaugurações e a Dança das Cadeiras Eleitorais
"Desvende a verdade por trás das inaugurações: exija ações concretas e desenvolva sua consciência social, não se deixe levar apenas por fitas cortadas!"
INAUGURAÇÕESABUSO DE PODER
Lisdeili Nobre
7/5/20242 min read


Em muitas cidades, a paisagem urbana transforma-se rapidamente conforme se aproximam as eleições. De repente, cada canto vira um palco de fitas cortadas e placas comemorativas. As praças ganham novos bancos, as ruas são recapeadas, e os parques infantis recebem uma pintura fresca. É uma festa para os olhos—mas será que é uma festa para a vida da comunidade?
A qualidade dos serviços, após as cerimônias de inauguração, muitas vezes não corresponde ao fervor das comemorações. Equipamentos públicos são renovados não em função de inovação ou aumento na capacidade de atendimento, mas como um gesto superficial, uma reforma estética que esconde a falta de substância ou planejamento de longo prazo.
Estas inaugurações frequentemente se revelam meros subterfúgios, manobras astutas para angariar votos sem fazer o pedido explicitamente. Estrategicamente concentradas nos últimos meses antes das eleições, essas obras parecem seguir um meticuloso plano de marketing, sussurrando ao ouvido do eleitorado: "Tenham um pouquinho mais de paciência, continuem fiéis ao candidato de sempre."
O Ministério Público Eleitoral, sempre vigilante, envia suas recomendações aos agentes políticos — prefeita, vice-prefeito, secretários, vereadores, e outros — alertando sobre a necessidade de evitar a promoção pessoal e o abuso do poder econômico e político. Tais medidas buscam preservar a impessoalidade na administração pública, proibindo a exposição de nomes, imagens ou vozes em eventos comunitários e festejos. No entanto, as regras frequentemente parecem mais como sugestões do que como mandamentos.
Apesar das claras diretrizes, o uso da máquina pública em projetos eleitorais, especialmente na pré-campanha, segue robusto e pouco contestado. A Justiça Eleitoral, com sua bandeira de imparcialidade, muitas vezes parece lenta ou relutante em coibir práticas que antecipam a campanha eleitoral de forma desbalanceada, permitindo que alguns candidatos tirem proveito de sua posição para obter vantagens desproporcionais sobre seus adversários.
Enquanto isso, a população, já calejada com a rotina eleitoreira, assiste a mais um ciclo de promessas e inaugurações. Mas no fundo, surge uma pergunta incômoda e persistente: essas novas velhas estruturas servirão ao propósito de melhorar genuinamente a vida da comunidade ou apenas garantirão a manutenção do poder para alguns poucos escolhidos?
A dança das cadeiras eleitorais continua, e a música só muda quando nós decidimos mudar o ritmo.