A Seleção Natural dos Fundos Eleitorais

"Em um mar de desigualdades eleitorais, onde a sobrevivência política segue as leis da selva, os grandes se fortalecem enquanto os pequenos lutam para não se afogar."

FUNDO ELEITORAL ABUSO DE PODER CORRUPÇÃODEMOCRACIA

Lisdeili Nobre

9/9/20242 min read

Enquanto se anunciava com pompa o montante bilionário do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC), os pequenos candidatos seguem nadando desesperadamente em busca de migalhas. "Os partidos que disputarão as eleições municipais receberam cifras milionárias para suas campanhas," diz o noticiário, sem nenhuma surpresa. Afinal, todos os anos a história se repete: os grandes nadam em águas profundas, engordando ainda mais, enquanto os pequenos lutam para não se afogar, contentando-se com as sobras.

A distribuição dos recursos parece seguir uma lógica darwinista implacável. Os maiores, com suas imensas estruturas e maquinários, nadam confortavelmente, protegidos pela corrente favorável do fundo eleitoral, enquanto os menores tentam sobreviver com o pouco que recebem. A sobrevivência política tornou-se uma questão de quem consegue devorar mais recursos, enquanto os pequenos mal sentem o gosto da água.

O sistema, apesar de carregar o nome de democracia, parece cada vez mais distante dos princípios de igualdade. Em vez de fortalecer a pluralidade de vozes, a distribuição desproporcional de recursos favorece aqueles que já dominam o cenário. Seria esse um reflexo de uma velha canção que ressoa pela realidade política: "Os fortes ficam mais fortes, e os fracos mais fracos"?

A seleção natural continua implacável. Os grandes "predadores" absorvem a maior parte dos recursos, deixando aos pequenos apenas as migalhas já mastigadas. Promessas de mudanças, renovação e inclusão, que tanto ecoam nos discursos de campanha, acabam afogadas em um mar de ilusões, onde a realidade é outra: vencerá quem tiver os bolsos mais cheios.

"Democracia ou darwinismo político?" perguntamos. A resposta parece se dissolver na correnteza dos recursos bilionários, onde quem nada contra se perde, enquanto os mais poderosos nadam em direção à vitória, deixando atrás de si apenas ondas de promessas vazias.

Assim seguimos, eleição após eleição, em um ciclo sem fim. O fundo eleitoral, que deveria equilibrar o jogo, se revela mais um mecanismo que perpetua a desigualdade. E os sonhos de mudança continuam submersos, perdidos nesse oceano de cifras desproporcionais.