A Poda de Árvores no Final do Mandato

No final de seu mandato, o prefeito derruba árvores no centro da cidade para construir uma pista de skate e quadras de areia, priorizando uma aparência de modernidade em detrimento de reformas essenciais e infraestrutura sustentável. A ação, vista como uma maquiagem urbana, ignora a necessidade de um planejamento ecológico e a participação da população. A população decidirá nas eleições se essa administração merece continuar, baseando-se na real melhoria das condições de vida e no respeito ao meio ambiente.

Lisdeili Nobre

7/18/20242 min read

No crepúsculo de seu mandato, o prefeito da cidade resolveu desbastar o coração verde do centro urbano. As árvores, testemunhas silenciosas de tantas histórias, cederam lugar a uma pista de skate e quadras de areia. Uma aparente reforma, um vislumbre de modernidade que, para muitos, era como arrumar apenas a sala de visitas enquanto os quartos onde as pessoas dormem e empreendem seus negócios permaneciam em ruínas.

É curioso como, em tempos de eleições, emergem projetos de última hora, brotando como ervas daninhas sem a discussão devida com a população. Uma pista de skate e quadras de areia, embora sempre bem-vindas, não poderiam ter esperado um pouco mais? E ainda, são estas iniciativas dotadas de infraestrutura sustentável? A pressa para mostrar serviço ofusca a urgência de se construir algo realmente duradouro e que respeite o meio ambiente.

Uma infraestrutura sustentável na cidade inteligente não se resume a novas atrações urbanas. É um conceito que abarca a concepção, planejamento e construção de edifícios, vias públicas e instalações com um enfoque ecológico. Utilizam-se materiais recicláveis, sistemas de drenagem para evitar inundações e integração de espaços verdes que promovem a eficiência energética. Em alguns lugares, prédios inteiros são transformados em viveiros de espécimes vegetais a céu aberto, verdadeiras florestas verticais.

Essas são as cidades inteligentes e sustentáveis que deveríamos almejar, onde o progresso urbano não está dissociado do respeito aos biomas e à vida. Contudo, o que vemos aqui é uma obra sem estudo de viabilidade, erguida às pressas para garantir uma continuidade questionável no poder.

A pista de skate e as quadras de areia poderiam ser ícones de uma nova era para a juventude e o esporte, mas sem o respaldo de uma infraestrutura sustentável, podem se tornar apenas mais um exemplo de desperdício de recursos. O estudo de viabilidade na construção civil é uma análise essencial que julga a viabilidade técnica, econômica e financeira de qualquer projeto. Sem isso, estamos construindo castelos na areia, suscetíveis a serem levados pela primeira maré de críticas fundamentadas.

A população, cética, observará se esses novos empreendimentos realmente melhoram suas vidas. Não basta a maquiagem urbana que o prefeito tenta aplicar nos últimos momentos de sua gestão. O que importa é a substância, a melhoria real e palpável das condições de vida dos cidadãos.

A cidade precisa de reformas, sim, mas elas devem ser pensadas e discutidas com quem vive e sente suas ruas. O respeito ao verde, à vida, aos recursos e às necessidades urgentes da população deve ser a prioridade. E no final das contas, será a voz do povo que decidirá se essa administração merece continuar ou se será podada, assim como as árvores que tombaram sem a devida reflexão sobre seu valor e legado.